segunda-feira, 9 de março de 2009

Das coisas sem pureza. De tudo...

"As superfícies usadas, o gasto que as mãos infligiram às coisas, a atmosfera freqüentemente trágica e sempre patética destes objetos infunde uma espécie de atração não desprezível à realidade do mundo.
A confusa impureza dos seres humanos se percebe neles, o agrupamento, uso e desuso dos materiais, as marcas do pé e dos dedos, a constância de uma atmosfera humana inundando as coisas a partir do interno e do externo.
Assim seja a poesia que procuramos, gasta como por um ácido pelos deveres da mão, penetrada pelo suor e pela fumaça, cheirando a urina e a açucena salpicada pelas diversas profissões que se exercem dentro e fora da lei.
Uma poesia impura como um traje, como um corpo, com manchas de nutrição e atitudes vergonhosas, com pregas, observações, sonhos, vigília, profecias, declarações de amor e ódio, bestas, arrepios, idílios, credos políticos, negações, dúvidas, afirmações, impostos."
Sobre uma poesia sem pureza. Pablo Neruda.

Um comentário:

Dimas Munhoz Gomez disse...

Encontrar aqui o que você diz em aula é uma prova de que eu não sou tão idealista assim. Você faz o que eu quero fazer. Espalhar idéias e levar uma vida coerente.

(ok, o comentário não acrescentou nada)

Um abraço,
Dimas.