"As superfícies usadas, o gasto que as mãos infligiram às coisas, a atmosfera freqüentemente trágica e sempre patética destes objetos infunde uma espécie de atração não desprezível à realidade do mundo.
A confusa impureza dos seres humanos se percebe neles, o agrupamento, uso e desuso dos materiais, as marcas do pé e dos dedos, a constância de uma atmosfera humana inundando as coisas a partir do interno e do externo.
Assim seja a poesia que procuramos, gasta como por um ácido pelos deveres da mão, penetrada pelo suor e pela fumaça, cheirando a urina e a açucena salpicada pelas diversas profissões que se exercem dentro e fora da lei.
Uma poesia impura como um traje, como um corpo, com manchas de nutrição e atitudes vergonhosas, com pregas, observações, sonhos, vigília, profecias, declarações de amor e ódio, bestas, arrepios, idílios, credos políticos, negações, dúvidas, afirmações, impostos." Sobre uma poesia sem pureza. Pablo Neruda.
Na quadrada das águas perdidas e nas veredas digitais: "O senhor ponha-me ponto."(com/org/edu...)
quinta-feira, 6 de março de 2008
"quem foge do mau gosto cai no gelo"
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2 comentários:
poesia como traje e ultraje. poesia como um mundo de e.e.cummings.
Para mim, o Neruda conseguiu seu auge no poema de nº 17. Lira, te linkei no meu blog. Tô gostando de passear nesse sertão.
Abçs
Karina
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