"Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte, linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão de vida e morte -
será arte?
"Traduzir-se" Ferreira Gullar
Um comentário:
E eu mesmo me pergunto:
- Qual é o destino dos sentidos de um poema?
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