segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Traduzir-se

Acho que a Web anuncia o mergulho nesse "traduzir-se".


"Uma parte de mim

é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte, linguagem.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão de vida e morte -
será arte?

"Traduzir-se" Ferreira Gullar

Um comentário:

Anônimo disse...

E eu mesmo me pergunto:
- Qual é o destino dos sentidos de um poema?